A encíclica “Laudato si'” [Louvado sejas] do papa Francisco, 246 parágrafos divididos em seis capítulos, acrescenta um novo contributo à doutrina social da Igreja. É um texto articulado, muito específico em vários aspetos, que cita documentos de muitas conferências episcopais, incluindo a portuguesa.

Ao dirigir-se não só aos cristãos, mas «a cada pessoa que habita neste planeta», Francisco invoca a «solidariedade universal» para «unir toda a família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral».

Bergoglio valoriza as palavras dos predecessores, como é o caso de Bento XVI, de quem reitera o convite a «eliminar as causas estruturais das disfunções da economia mundial e corrigir os modelos de crescimento que parecem incapazes de garantir o respeito do meio ambiente».

O texto, que pela primeira vez numa encíclica inclui a citação de um místico do sufismo, Ali Al-Khawwas, destaca também a «contribuição do amado Patriarca Ecuménico Bartolomeu», em particular no que respeita ao seu apelo à «necessidade de cada um se arrepender do próprio modo de maltratar o planeta».

O papa propõe o modelo de S. Francisco de Assis, de quem se aprende como são «inseparáveis a preocupação pela natureza, a justiça para com os pobres, o empenhamento na sociedade e a paz interior».

A «nossa casa» poluída

O documento enfrenta o tema da poluição: os poluentes atmosféricos que «provocam milhões de mortes prematuras», em particular entre os mais pobres; e também a poluição causada pelos fumos da indústria, pelas descargas, pelos pesticidas, pelos resíduos. «A terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo.»

Francisco explica que «há um consenso científico muito consistente, indicando que estamos perante um preocupante aquecimento do sistema climático», devido, na sua maioria, à grande concentração de gases com efeito de estufa. A humanidade «deve tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento». O papa cita «o derretimento das calotas polares e dos glaciares», a par da «perda das florestas tropicais». «Os impactos mais sérios recairão, nas próximas décadas, sobre os países em vias de desenvolvimento.» «Por isso, tornou-se urgente e imperioso o desenvolvimento de políticas capazes de fazer com que, nos próximos anos, a emissão de anidrido carbónico e outros gases altamente poluentes se reduza drasticamente».

A seguir, a encíclica centra-se na questão do esgotamento dos recursos naturais e na «impossibilidade de sustentar o nível atual de consumo dos países mais desenvolvidos». Fala da «pobreza da água pública», que se verifica «especialmente na África». Perante a «tendência para se privatizar este recurso escasso, tornando-se uma mercadoria sujeita às leis do mercado», recorda que «o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal».

A perda da biodiversidade é outro dos problemas refletidos no documento. Entre os «lugares que requerem um cuidado particular pela sua enorme importância para o ecossistema mundial», Francisco menciona os «pulmões do planeta repletos de biodiversidade que são a Amazónia e a bacia fluvial do Congo, ou os grandes lençóis freáticos e os glaciares». Convida a não «ignorar também os enormes interesses económicos internacionais que, a pretexto de cuidar deles, podem atentar contra as soberanias nacionais».

O deterioramento da qualidade da vida humana e da degradação social manifesta-se, por exemplo, no «crescimento desmedido e descontrolado de muitas cidades que se tornaram pouco saudáveis para viver», seja pela poluição seja pelo caos urbano. Convidando a refletir sobre a «desigualdade planetária», Francisco recorda que «o ambiente humano e o ambiente natural degradam-se em conjunto», atingindo os mais fracos. Problemas que «nao encontramespaço suficiente nas agendas do mundo». Por isso recorda que «uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra como o clamor dos pobres».

A solução, adverte, não passa pela «redução da natalidade», que se quer atingir inclusive com «pressões internacionais sobre países em vias de desemvolvimento». Existe, acrescenta, uma verdadeira «dívida ecológica» entre Norte e Sul: «O aquecimento causado pelo enorme consumo de alguns países ricos tem repercussões nos lugares mais pobres da terra». «É necessário que os países desenvolvidos contribuam para resolver esta dívida, limitando significativamente o consumo de energia não renovável e fornecendo recursos aos países mais necessitados.» «As regiões e os países mais pobres têm menos possibilidade de adotar novos modelos de redução do impacto ambiental.»

Estas situações exigem uma mudança de rota, um «sistema normativo que inclua limites invioláveis e assegure a proteção dos ecossistemas». Francisco denuncia «a fraqueza da reação política internacional», e «com muita facilidade, o interesse económico chega a prevalecer sobre o bem comum e manipular a informação para não ver afetados os seus projetos».

«Os poderes económicos continuam a justificar o sistema mundial atual, onde predomina uma especulação e uma busca de receitas financeiras»; hoje, «qualquer realidade que seja frágil, como o meio ambiente, fica indefesa face aos interesses do mercado divinizado, transformados em regra absoluta». Diante do esgotamento de alguns recursos vai sendo criado «um cenário favorável para novas guerras, disfarçadas sob nobres reivindicações». A política deve estar mais atenta, mas o poder, ligado com a finança, é o que maior resistência põe a tal esforço».

O papa reconhece que há diversidade de opiniões sobre a situação e sobre as possíveis soluções. E cita dois extremos: quem sustenta que «os problemas ecológicos resolver-se-ão simplesmente com novas aplicações técnicas, sem considerações éticas nem mudanças de fundo»; e aqueles para quem «o ser humano, com qualquer uma das suas intervenções, só pode ameaçar e comprometer o ecossistema mundial, pelo que convém reduzir a sua presença no planeta e impedir-lhe todo o tipo de intervenção». «Sobre muitas questões concretas, a Igreja não tem motivo para propor uma palavra definitiva», mas «basta (…) olhar a realidade com sinceridade, para ver que há uma grande deterioração da nossa casa comum».

O Evangelho da criação

No segundo capítulo, Francisco convida a considerar o ensinamento bíblico sobre a criação, recordando que «a ciência e a religião, que fornecem diferentes abordagens da realidade, podem entrar num diálogo intenso e frutuoso para ambas», e que para resolver os problemas «é necessário recorrer também às diversas riquezas culturais dos povos, à arte e à poesia, à vida interior e à espiritualidade».

«A Bíblia ensina que cada ser humano é criado por amor, feito à imagem e semelhança de Deus.» «Não somos Deus. A terra existe antes de nós e foi-nos dada», escreve Francisco, afirmando que o convite a «”dominar” a Terra» contido no livro do Génesis não significa favorecer «a exploração selvagem da natureza». Somos chamados a reconhecer que «cada criatura é objeto da ternura do Pai que lhe atribui um lugar no mundo». A ação da Igreja não só procura recordar o dever de proteger a natureza, mas ao mesmo tempo deve «sobretudo proteger o homem da destruição de si mesmo».

O documento convida a não «igualar todos os seres vivos» e a não «divinizar a Terra». Francisco critica a «obsessão de negar qualquer preeminência à pessoa humana, conduzindo-se uma luta em prol das outras espécies que não se vê na hora de defender igual dignidade entre os seres humanos». «É evidente a incoerência de quem luta contra o tráfico de animais em risco de extinção, mas fica completamente indiferente perante o tráfico de pessoas, desinteressa-se dos pobres ou procura destruir outro ser humano de que não gosta. Isto compromete o sentido da luta pelo meio ambiente.»

Uma crise causada pelo ser humano

No terceiro capítulo, o papa sublinha a «raiz humana da crise ecológica», concentrando-se no «paradigma tecnocrático dominante». «Ciência e tecnologia são um produto estupendo da criatividade humana», mas não podemos «ignorar que a energia nuclear, a biotecnologia, a informática, o conhecimento do nosso próprio DNA e outras potencialidades que adquirimos, nos dão um poder tremendo». Desta forma, «dão, àqueles que detêm o conhecimento e sobretudo o poder económico para o desfrutar, um domínio impressionante sobre o conjunto do género humano». E é «tremendamente arriscado» que esta poder «resida numa pequena parte da humanidade».

«A economia assume todo o desenvolvimento tecnológico em função do lucro (…) A finança sufoca a economia real. Não se aprendeu a lição da crise financeira mundial e, muito lentamente, se aprende a lição do deterioramento ambiental. Nalguns círculos, defende-se que a economia atual e a tecnologia resolverão todos os problemas ambientais», do mesmo modo que se afirma que «os problemas da fome e da miséria no mundo serão resolvidos simplesmente com o crescimento do mercado». «Mas o mercado, por si mesmo, não garante o desenvolvimento humano integral nem a inclusão social.»

Perante este contexto, a cultura ecológica «deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático». «O que está a acontecer põe-nos perante a urgência de avançar numa corajosa revolução cultural. (…) Ninguém quer o regresso à Idade da Pedra, mas é indispensável abrandar a marcha para olhar a realidade doutra forma.»

«Quando, na própria realidade, não se reconhece a importância dum pobre, dum embrião humano, duma pessoa com deficiência – só para dar alguns exemplos –, dificilmente se saberá escutar os gritos da própria natureza. Tudo está interligado.» E «também não é compatível a defesa da natureza com a justificação do aborto». «A cultura do relativismo é a mesma patologia que impele uma pessoa a aproveitar-se de outra e a tratá-la como mero objeto (…). É também a lógica interna daqueles que dizem: “Deixemos que as forças invisíveis do mercado regulem a economia”.» Se não há verdades objetivas e princípios estáveis, os programas políticos e as leis não bastam para «evitar os comportamentos que afetam o meio ambiente, porque quando é a cultura que se corrompe» as «leis só se poderão entender como imposições arbitrárias e obstáculos a evitar».

Francisco trata depois da necessidade de «defender o trabalho» humano, que não deve ser substituído com o progresso tecnológico. O verdadeiro objetivo na ajuda aos pobres «deveria ser sempre consentir-lhes uma vida digna através do trabalho». O texto recorda que «as autoridades têm o direito e a responsabilidade de adotar medidas de apoio claro e firme aos pequenos produtores e à diversificação da produção», e «às vezes, para que haja uma liberdade económica da qual todos realmente beneficiem, pode ser necessário pôr limites àqueles que detêm maiores recursos e poder financeiro».

A propósito da inovação biológica, são prudentes os parágrafos dedicados aos organismos geneticamente modificados, sobre os quais é «difícil emitir um juízo geral». O papa recorda que «muitas vezes as mutações genéticas foram e continuam a ser produzidas pela própria natureza. E mesmo as provocadas pelo ser humano não são um fenómeno moderno». Reconhece que a utilização dos cereais transgénicos «nalgumas regiões, a sua utilização ter produzido um crescimento económico que contribuiu para resolver determinados problemas», mas cita também «dificuldades importantes que não devem ser minimizadas», como a «concentração de terras produtivas nas mãos de poucos» e a «tendência para o desenvolvimento de oligopólios na produção de sementes». Por isso é preciso assegurar «um debate científico e social que seja responsável e amplo, capaz de considerar toda a informação disponível». «Além disso, é preocupante constatar que alguns movimentos ecologistas defendem a integridade do meio ambiente e, com razão, reclamam a imposição de determinados limites à pesquisa científica, mas não aplicam estes mesmos princípios à vida humana», como acontece com as «experiências com embriões humanos vivos».

Para uma ecologia integral

No quarto capítulo, Francisco sublinha a importância de uma aproximação integral «para combater a pobreza» e ao mesmo tempo «cuidar da natureza». «A análise dos problemas ambientais é inseparável da análise dos contextos humanos, familiares, laborais, urbanos, e da relação de cada pessoa consigo mesma.» O papa fala de «ecologia social», recordando que «vários países são governados por um sistema institucional precário, à custa do sofrimento do povo», ocorrendo «com excessiva frequência comportamentos ilegais». Mesmo onde existem normas sobre o ambiente, nem sempre são aplicadas. Francisco cita depois «a ecologia cultural» [cf. “Artigos relacionados] e pede atenção para as culturas locais. Convida a não «resolver todas as dificuldades através de normativas uniformes», explica a necessidade de assumir «a perspetiva dos direitos dos povos e das culturas». porque «a imposição dum estilo hegemónico de vida ligado a um modo de produção pode ser tão nocivo como a alteração dos ecossistemas».

A seguir, o papa elogia a «criatividade e generosidade de pessoas e grupos que são capazes de dar a volta às limitações do ambiente, modificando os efeitos adversos dos condicionalismos e aprendendo a orientar a sua existência no meio da desordem e precariedade». E dá exemplos referentes à urbanização: quem projeta edifícios, bairros e cidades deve servir «a qualidade de vida das pessoas, a sua harmonia com o ambiente, o encontro e ajuda mútua», escutando o ponto de vista dos habitantes. Francisco não esquece o problema dos transportes e a poluição causada pelos automóveis nas cidades, assim como a prioridade que deve ser dada aos transportes públicos, que todavia devem ser melhorados, dado que em muitas cidades assiste-se a um «tratamento indigno das pessoas devido à superlotação, ao desconforto, ou à reduzida frequência dos serviços e à insegurança».

A ecologia humana significa também «ter apreço pelo próprio corpo na sua feminilidade ou masculinidade», e por isso «não é salutar um comportamento que pretenda cancelar a diferença sexual, porque já não sabe confrontar-se com ela». Da ecologia humana é inseparável a noção de «bem comum», que «pressupõe o respeito pela pessoa humana enquanto tal, com direitos fundamentais e inalienáveis» orientados para o seu desenvolvimento integral», o que «exige também os dispositivos de bem-estar e segurança social e o desenvolvimento dos vários grupos intermédios, aplicando o princípio da subsidiariedade. Entre tais grupos, destaca-se de forma especial a família enquanto célula basilar da sociedade».

Como agir

No quinto capítulo, Francisco define como «indispensável um consenso mundial que leve, por exemplo, a programar uma agricultura sustentável e diversificada, desenvolver formas de energia renováveis e pouco poluidoras». O papa afirma que a «tecnologia baseada em combustíveis fósseis» deve ser, «progressivamente e sem demora, substituída», observa que «a política e a indústria reagem com lentidão» e que «as cimeiras mundiais sobre o meio ambiente dos últimos anos não corresponderam às expectativas». Os progressos sobre as alterações climáticas e a redução dos gases com efeito de estufa «são, infelizmente, muito escassos», também «por causa das posições dos países que privilegiam os seus interesses nacionais sobre o bem comum global». O papa alerta para as consequências de algumas estratégias para combater as emissões de gás que penalizam os países pobres com «pesados compromissos de redução de emissões», criando «uma nova injustiça sob a capa do cuidado do meio ambiente».

O texto alude à «perda de poder dos Estados nacionais, sobretudo porque a dimensão económico-financeira, de caráter transnacional, tende a prevalecer sobre a política», o que requer «instituições internacionais mais fortes (…), com autoridades designadas de maneira imparcial por meio de acordos entre os governos nacionais e dotadas de poder de sancionar». Ao mesmo tempo, cada Estado deve estar atento no seu território e encorajar as boas práticas.

Francisco analisa a política dos governos que, respondendo a interesses eleitorais, «não se aventuram facilmente a irritar a população com medidas que possam afetar o nível de consumo». E cita como exemplo positivo o desenvolvimento de «cooperativas para a exploração de energias renováveis, que consentem o autoabastecimento local», desejando o crescimento do papel das organizações e corpos intermédios da sociedade. O papa acentua igualmente que é importante inserir o estudo sobre o impacto ambiental «desde o início» em qualquer projeto ou programa. Deixando sempre «um lugar privilegiado os moradores locais, aqueles mesmos que se interrogam sobre o que desejam para si e para os seus filhos».

Bergoglio recorda que «a política não deve submeter-se à economia» e esta não deve submeter-se à tecnocracia. A propósito da crise financeira, afirma: «A salvação dos bancos a todo o custo, fazendo pagar o preço à população, sem a firme decisão de rever e reformar o sistema inteiro, reafirma um domínio absoluto da finança que não tem futuro e só poderá gerar novas crises depois duma longa, custosa e aparente cura». Francisco convida a «evitar uma conceção mágica do mercado, que tende a pensar que os problemas se resolvem apenas com o crescimento dos lucros». «Face ao crescimento ganancioso e irresponsável, que se verificou ao longo de muitas décadas – devemos pensar também em abrandar um pouco a marcha», aceitando «um certo decréscimo do consumo nalgumas partes do mundo», procurando recursos para que outras possam crescer saudavelmente. A carta refere que «o princípio da maximização do lucro, que tende a isolar-se de todas as outras considerações, é uma distorção conceptual da economia» e que hoje «alguns setores económicos exercem mais poder do que os próprios Estados». É depois salientada a importância do contributo das religiões na solução dos problemas económicos, sociais e ambientais.

Uma espiritualidade ecológica

No último capítulo da encíclica, Francisco convida a outro estilo de vida, para evitar que a pessoa acabe por ser esmagada pelo «consumismo obsessivo» que é «o reflexo subjetivo do paradigma tecnoeconómico», que «faz crer a todos que são livres pois conservam uma suposta liberdade de consumir», ao passo que, na realidade, a liberdade está apenas nas mãos da «minoria que detém o poder económico e financeiro». «A obsessão por um estilo de vida consumista, sobretudo quando poucos têm possibilidades de o manter, só poderá provocar violência e destruição recíproca.»

Mas o papa convida também a olhar também para o positivo que já existe e à possibilidade para os seres humanos de «voltar a escolher o bem»- Recordando que uma mudança nos estilos de vida pode «exercer uma pressão salutar sobre quantos detêm o poder político, económico e social», como «quando os movimentos de consumidores conseguem que se deixe de adquirir determinados produtos e assim se tornam eficazes na mudança do comportamento das empresas, forçando-as a reconsiderar o impacto ambiental e os modelos de produção».

«A consciência da gravidade da crise cultural e ecológica precisa de traduzir-se em novos hábitos», o que implica «um desafio educativo». E é preciso começar desde pequeno a fazer escolhas quotidianas. O documento recorda o papel educativo da família no cuidado pela vida e o uso correto das coisas. E se compete «à política e às várias associações um esforço de formação das consciências da população», o mesmo se diz da Igreja: Francisco espera que nos seminários e nas casas religiosas formativas «se eduque para uma austeridade responsável».

O papa pede uma «conversão ecológica» que reconheça o mundo «como dom recebido do amor do Pai». A espiritualidade cristã «encoraja um «estilo de vida profético e contemplativo, capaz de gerar profunda alegria sem estar obcecado pelo consumo». E «propõe um crescimento na sobriedade e uma capacidade de se alegrar com pouco». A ecologia integral requer uma «atitude do coração, que vive tudo com serena atenção, que sabe manter-se plenamente presente diante duma pessoa sem estar a pensar no que virá depois». Francisco sugere, como exemplo, «agradecer a Deus antes e depois das refeições», convidando também a contemplar o mistério «numa folha, numa vereda, no orvalho, no rosto do pobre». A concluir a encíclica, Francisco propõe duas orações: «Pela nossa terra» e «com a criação» [cf. Artigos relacionados].

Andrea Tornielli 
In “Vatican Insider” 
Trad.: Rui Jorge Martins

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