Quando a vida se faz pão que alimenta a fome de Vida, todas as barreiras se quebram porque o próprio Deus se nos dá em alimento. É esse o fermento que leveda a vida de sabor a eternidade. O Todo-Santo é aquele «que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos tocaram relativamente ao Verbo da Vida», é aquele «que anunciamos, para que também vós estejais em comunhão» (1Jo 1,1.3a). A Palavra de Deus faz-se carne e oferece-se como pão. Pão partido, Palavra partilhada, Comunhão de Vida plena.
No silêncio que se impõe no drama pascal, o amor incondicional, «até ao extremo», desafia os discípulos à irreverência de se saberem plenos no dom de si. Porque é morrendo que se ressuscita para a vida eterna. O compromisso da fé bebe toda a sua força deste dom único, do memorial do amor incondicional de Deus que revoluciona a história, do desafio que daí brota para todos os discípulos: «como eu fiz, fazei também» (Jo 13,15).
Que esta Páscoa seja ocasião de compromisso com a Vida plena.
Pedro Valinho Gomes